Conheça Minha Banda

Conheça Minha Banda

Memórias de um legionário, trinta anos depois do primeiro disco da banda Legião Urbana, Dado Villa-Lobos reuniu suas memórias e contou histórias inéditas da banda para os fãs.


Memórias de um Legionário

Em 1985 a “Legião Urbana” surgiu, disse que “Ainda era Cedo”, que muitas coisas estavam por acontecer, em 1986 “Dois” é sempre melhor que um, “Eduardo e Mônica”, “Quase sem querer” estavam apaixonados, e o “Tempo Perdido” ficou para traz, e “Índios” “brasileiros” continuavam perdendo suas riquezas. No ano de 1987, “Que país era aquele?” João de Santo Cristo foi para Brasília ver a sujeira pra todo lado. As quatro estações de 1989 foram as melhores dos últimos anos, “há tempos” “pais e filhos” não se entendiam. E pela quinta vez em 1991 o “vento no litoral” nos leva a “descobrir o Brasil”, em 1993 a “perfeição” estúpida que nunca teríamos. “A tempestade” de 1996 anunciava o fim, a outra estação iria trazer somente saudades. 
Falar sobre Legião Urbana é exaltar a importância de uma grandiosa banda que marcou uma geração e contribuiu para elevar o nível da cultura musical brasileira. A maioria dos fãs conhece a história da banda, e sua trajetória, seja por documentários, livros e depoimentos de pessoas que conviveram com os integrantes. O livro de Dado Villa-Lobos, “Memórias de um Legionário” consegue quebrar paradigmas a respeito dessa banda tão especial e controversa. E a nossa resenha de hoje traz esse relato tão importante para compreensão de muitas coisas que aconteceram durante a existência da banda, e que somente contávamos com testemunho de pessoas próximas, mas nunca uma visão de quem participou de tudo.
O livro traz uma biografia do Dado, e principalmente a sua visão dos acontecimentos e como muitas vezes eram simples mal entendidos, que a imprensa sensacionalista deturpava e dava uma forma maior para os fatos. Lendo os capítulos tivemos a real impressão que estávamos vendo uma entrevista, que no fundo é muito legal, pois passa uma noção de descontração, prendendo a atenção do leitor. Foram gravadas horas de depoimentos do Dado, com apoio do Felipe Demier e Romulo Mattos e assim o livro ganhou formas.
Cada um dos dez capítulos tem o verso de alguma música como título, uma combinação interessante que em alguns momentos acaba convergindo com o momento que a banda passava. A estrutura do livro passa pela infância do Dado, a vida nas cidades onde o pai trabalhava como embaixador, até o retorno para Brasília e quando conheceu o Renato Russo. As influências musicais, a invasão de tantos sons, desde a influência dos Beatles até a MPB brasileira, um turbilhão de músicas que eram recém lançadas e escutadas até a exaustão, e sem internet, o que contribuía muito para emoção de ouvir um vinil e esperar um tempão para desvendar os trabalhos musicais de tantos artistas.
A Legião teve um começo difícil, como a maioria das bandas, a dificuldade de conseguir uma gravadora que acreditasse no trabalho de três jovens garotos, um baterista, um guitarrista e vocalista (letrista) extremamente sensível e temperamental. A EMI acabou abraçando o projeto, e como o próprio Dado reconhece, a convergência de profissionais ali criaram tantos discos e músicas tão especiais. Nesses ponto o(s) autor(es) utilizam como linha de costura dos fatos os nomes de cada Álbum lançado, as dificuldades, os números de cópias vendidas, o ranking das rádios. Os problemas que Renato começou a ter com drogas e o alcoolismo.
O livro também traz a tona fatos desconhecidos ou com versões controversas, como a saída do baixista Negrete da banda. Pra longe das polêmicas que o jornalismo tanto gosta, ou além de explicações (que nunca precisaram dar, e após a morte do Renato muitos menos), o livro merece, e deve, ser lido por todos que viveram intensamente cada música da Legião Urbana. Um retrato sensível e minucioso de quem fez parte de uma das maiores banda de Rock dos últimos tempos no Brasil, e sim, Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá eram protagonistas dessa banda, dificilmente o Renato teria conseguido um sucesso tão gigantesco sem apoio e a participação ativa dos demais integrantes da banda.
As músicas vão continuar mudando gerações através dos séculos, os filhos dos nossos filhos ainda vão ouvir as músicas muitos atuais que falam de tudo sem medo, seja do momento político do país, dos sentimentos, das drogas, da sexualidade e tantas outras sensações que temos no decorrer de nossas vidas. Como o Dado menciona no livro uma afirmação do Herbert Vianna do Paralamas do sucesso, sim a Legião se tornou uma religião. A parte boa é que a Legião Urbana nunca acabara, viverá em cada pessoa, em cada verso e continuaremos perguntando “Será que vamos conseguir vencer?”.
       
         

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