A morte do cantor sertanejo Cristiano Araújo
no último dia 24, levantou diversos questionamentos sobre a relação artista x
Fã, ou mercado x artista. Primeiro deixamos nosso profundo pesar pela morte do
cantor, que independentemente do estilo de música era uma pessoa jovem, e teve
uma morte muito trágica, deixando filhos e pessoas que com toda certeza o
amavam.
Ficamos um pouco pensativos a respeito dos
critérios de seleção da mídia que repercutiu de forma intensa as imagens,
vídeos e tantos outros materiais dizendo estarem consternados com a morte do
cantor. A maioria dos canais da televisão aberta traziam plantões e notícias de
última hora, o que é uma imensa falta de respeito ficar magoando algo que não
tem volta, isso não é exaltar a memória de alguém que partiu, mas sim
desrespeitar familiares, mostrando imagens do acidente e o consequente socorro
as vítimas.
Interessante como é construída uma imagem de
alguém em poucas horas, era o cantor mais conhecido do Brasil, amado por todos,
o amigo artista dando entrevista, contando fatos e momentos passados com o
Cristiano. Gente querendo aparecer é o que não falta.
Não temos intenção de comparar pessoas e
fatos distantes, mas como tentaram veicular e construir a imagem de bom moço do
Cristiano Araujo, enquanto tantos outros artistas já falecidos não receberam
nada além de uma nota de rodapé no canto do jornal. Porque o Chorão do Charlie
Brown Jr., não teve a morte repercutida, homenagens e lembranças, porque ele
falava o que as pessoas não queriam ouvir? Porque ele morreu de um jeito que os
conservadores podem considerar um desvio de caminho? Gostaríamos de estar
errados, mas é essa a realidade cultural do país, a grande mídia ainda diz o
que devemos consumir e engolir, quem são os bons. A globo quer empurrar goela
abaixo a Anitta de qualquer forma, e tantos outros que não agregam muito na
vida das pessoas, mas é o que vende, “dá audiência”, gera riqueza sem
questionamentos.
Isso para não falar às pessoas que as
emissoras matam em vida, tantos artistas que sumiram das câmeras, por não
suportarem a prostituição televisa que é tão comum para quem quer fazer
sucesso. Gabriel o Pensador é um caso de alguém que fez um sucesso tremendo, e
ninguém fala a respeito, por quê? Quem quer ouvir música de protesto? Críticas
ao governo e tantas outras praticas corruptas institucionalizadas? Aos poucos
ele foi sendo apagado das emissoras e acabou entrando para história.
E tantos outros como Renato Russo, Cazuza,
pessoas que mudaram todo o pensamento de uma década, mas ainda são lembrados
pela opção sexual e muitas vezes o uso de drogas, como se isso mudasse o que
eles fizeram pela música brasileira. Como se isso tirasse os méritos das suas
canções, quando Renato Russo perguntou “Que
país é esse?”, ele falava do mesmo país que ainda moramos. No final das
contas Cazuza era quem sabia das coisas na música Brasil: “Brasil Mostra tua cara, Quero ver quem
paga, Pra gente ficar assim, Brasil, Qual o teu negocio? O nome do teu sócio?
Confia em mim.”.
Basicamente, a mídia
brasileira vende aquilo que é mais conveniente, para nós do Conheça é algo que
vai muito além de estar na moda, com um corte de cabelo bacana. É o legado
daquilo que você realmente fez que vai ficar, a mídia pode estar contra você, mas
você será lembrado por seus méritos. Renato Russo, Cazuza, Raul Seixas,
estiveram por aqui, deixaram suas mensagens e partiram, é isso que importa, se
a televisão quer mostrar ou não, nada podemos fazer, mas precisamos mostrar “a
nossa cara”, e jamais aceitar as imposições midiáticas e momentâneas de quem
quer promover-se por meio da dor.
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